PASSAPORTE PARA O INFERNO

PASSAPORTE PARA O INFERNO
ÚLTIMO LANÇAMENTO
Perplexo e pensativo, caminho pelas ruas pensando no que somos...
Quanta razão está imbuída no nosso coração; realidades sem fantasia. Somos nocivos, causamos e transmitimos alegria e tristeza, o mal e o bem. Às vezes, instintivamente, causamos mal a quem queremos bem. Poderíamos ter o instinto de rato que, mesmo indefeso entregue aos instintos sádicos de um gato. Até mesmo uma cobra que vive rastejando, odiada por todos e causando destruição, e por isso destruída. A traição é o pior mal da natureza.
Amigos de verdade são raros.

27 janeiro 2014



UMA SEXTA-FEIRA BRAVA
                                                   (Luiz Pádua)
          Como representante comercial, eu viajava por todo o Brasil e outros paises vizinhos, como Bolívia, Paraguai, até à fronteira da Argentina.
          Era uma Quinta-feira da “semana santa” quando tomei o trem da Paulista em São Paulo com a intenção de trabalhar no Estado de Mato Grosso. Geralmente quando eu fazia esse itinerário, iniciava o meu trabalho pela primeira cidade do Estado, que era Três Lagoas, divisa com São Paulo.

           A  E. F. Noroeste iniciava sua linha em Bauru até o final, que era Corumbá na divisa com a Bolívia. Era uma viagem com mais de dois mil quilômetros aproximadamente, mas até Tres Lagoas, apenas uns novecentos kns. Outras vezes eu comprava uma passagem aérea para rodar o Mato Grosso todo, fazendo escalas em quase todas cidades, e a minha primeira escala de trabalho sempre era em Três Lagoas.

O trem da Paulista saiu de São Paulo às oito e meia da manhã e chegou em Bauru lá pelas duas horas da tarde. Era um trem de luxo com janelas cerradas e ar condicionado. O carro restaurante era bastante requintado dava prazer fazer uma refeição ali. Lá pelas onze horas a fome já me alertou para almoçar. Fui até ao restaurante e pedi um filé com fritas e arroz. Saboreei com bastante apetite enquanto tomava uma cerveja.
Chegamos em Bauru às duas e meia, conforme horário previsto.  Peguei minhas malas e guardei no “guarda volumes” da estação para dar umas voltas pela cidade, pois o trem da Noroeste só sairia às sete horas da noite. Não era um trem de bitola larga, e a viagem também não era confortável sacudia mais que um cavalo de rodeio. O trem levantava muita poeira pelos vagões de passageiros, inclusive no carro restaurante, motivo pelo qual não gostava de fazer refeições nesse trem, obviamente pela falta de higiene; era o oposto da Paulista.

          Depois de uma viagem cansativa e desconfortável, chegamos na  Estação de Três Lagoas, e eu em particular, estava com uma fome do diabo.  Já passava das duas horas da manhã. Fui direto para o Hotel e peguei um quarto. Mas o que eu não contava era essa fome louca que não parava de me atormentar. Mas de madrugada certamente não haveria nenhum restaurante aberto na cidade e o jeito era tentar dormir, descansar e no dia seguinte saborear um bom café da manhã e mais tarde um bom almoço. 
Ao chegar no quarto já tirei a roupa e me estiquei na cama. “Aí que gostoso”... Com a canseira que eu estava por estar viajando o dia todo e quase uma noite inteira num trem sem conforto, sentia-me mesmo daquele jeito: com sono, cansado e com fome.

Acordei no dia seguinte já era quase nove horas. Depois de um bom banho senti-me revigorado e fui até ao salão de refeição para tomar o café da manhã. Tomei café preto sem o tradicional café com leite. Em um pratinho separado, um pão com a manteiga já passada nele. Não gostei muito, mas enfim, a minha fome dispensava qualquer formalidade. Ao dar a primeira mordida no pão, notei o gosto estranho de margarina. Mais que diabo! Não gosto de margarina. Chamei o garçom e reclamei com ele que aquilo que estava no pão era margarina e não manteiga, e se ele não tinha manteiga porque eu não comia a “dita cuja”, simplesmente a detestava.   “Só o cheiro dela me repugna”; falei. O garçom me disse que todos os pães estavam com margarina, não tinha manteiga. Aí eu pedi a ele se era possível trazer-me o pão puro sem passar nada. Ele me respondeu que não seria possível, visto que todos os pães já estavam prontos para serem servidos; disse-me ainda que o café da manhã era servido só até às nove horas e, como já passava do horário, ele estava me servindo o café por uma cortesia de sua parte. Eu fiquei quieto, nada respondi, mas pensava lá por dentro: ”café igual a esse seria melhor ele enfiar no... nariz ou em qualquer lugar.” E não servir aos hóspedes. Comecei a ficar nervoso e gostaria de falar umas boas para ele, mas me contive. “Não vá arrumar confusão logo cedo, moço”.  Levantei-me da mesa e saí.
A minha barriga não parava de roncar e a fome aumentava cada vez mais. Sai e fui dar uma voltinha para tomar café e comer algo até sair o almoço, mas na rua não se via nem uma viva alma. Tudo fechado, bares e restaurantes.

 Muito bem, era uma sexta-feira santa e eu havia me esquecido dos dissabores desse dia. Ainda mais que a cidade é localizada pertinho do Rio Paraná. “Já desvendaram o enigma”?
          Até que chegou o horário do almoço; eu fui um dos primeiros a ir para a sala de refeições.
          Chegou o meu almoço: arroz, salada e peixe. Chamei a moça e perguntei a ela se era só aquilo que estava na mesa. Ela sacudiu a cabeça dizendo sim. Então pedi a ela que passasse um bife de boi para mim como extra, e se não tivesse carne, podia ser uma omelete de presunto e queijo, porque eu não comia peixe.
          Ela deu-me uma olhada meio desconfiada, foi até à cozinha e voltou dizendo-me que não tinha carne, nem ingredientes para omelete. Então o que eu vou comer, disse a ela. Ela apenas levantou os ombros e saiu. Como se eu fosse obrigado a gostar de peixe, gozado, não? Aí, em tom de protesto, pedi a minha conta e disse que não ia almoçar e que eu iria para outro hotel. Quando veio a conta notei que cobraram o almoço.  Fechei a cara e disse:  “que almoço é esse, por acaso eu almocei”? Só pago o quarto. Paguei e não falei mais nada. Peguei minhas malas e fui para outro hotel, o qual se localizava bem perto dali, apenas duas quadras. Ainda bem que havia outro hotel na cidade, mas só havia dois. Quem sabe no outro eu posso  fazer uma refeição decente...

          Ao chegar ao Hotel pedi um quarto e ao mesmo tempo perguntei qual era o cardápio do almoço: o dono respondeu-me que a mistura era peixe. Perguntei a ele se havia outro tipo de mistura, porque eu não comia peixe. Ele disse que fora peixe não havia mais nada: ainda por cima me falou: “você está esquecendo que hoje é sexta-feira santa”? Ai, ai, ai ai, ai; a raiva começou a subir à minha cabeça, mas me controlei; “sabe por que”? “Lá por aqueles lados é perigoso, aquela gente para matar não pensa duas vezes”.
          Depois disso, eu disse a ele que ia dispensar o quarto, pois mudei de idéia e, ao invés de passar aquele dia na cidade, eu ia tocar para Campo Grande e ao mesmo tempo perguntei se podia guardar as malas no Hotel até a hora do trem. Ele  me respondeu que sim, mas com uma cara de poucos amigos.
           A minha ideia era ir a algum restaurante da cidade. Perto dali existia uma praça, onde havia vários  bares e restaurantes, mas não sabia de havia algum aberto.
 Sai e fui a procura de um restaurante. Quando o avistei com as portas abertas, meus ânimos se afloraram e uma satisfação incontida tomou conta da minha triste figura.

Era uma lanchonete grande e bem sortida. A minha raiva anterior sumiu como se nada houvesse acontecido. Aí a fome apertou ainda mais, talvez por sentir que eu estava próximo a um restaurante... Mas ao adentrar na lanchonete, senti logo um cheiro de peixe, o que já não me agradou. Na lanchonete não havia ninguém, estava completamente vazia, a não ser o dono e empregadas.
          Depois que entrei, dei uma olhada no balcão frigorífico; notei que era bem sortido; no balcão havia carne, presunto queijo e tudo mais.
Enquanto olhava o balcão chegou uma moça para atender. Eu estava bem animado, mas para não complicar as coisas, pedi um sandwiche de presunto, queijo, e ovo no capricho; ah! Se tiver bacon pode acrescentar também, não importava o preço. Antes disso, traga-me uma boa “cerva” bem gelada enquanto aguardo. Depois dos pedidos, meus dedos batiam no  balcão como sinal de contentamento.
 A garçonete pasma fitou-me como se eu estivesse fora do meu juízo e quis saber de que lugar eu estava vindo. ”Por que”? Perguntei. “Ora, pelo amor de Deus, moço, hoje não é dia de comer carne, é sexta-feira da paixão”. Respondi em seguida em tom de brincadeira: “estou vindo do inferno”! "Olhe, moça, eu estou com fome e se você me fizer um bom sanduíche de presunto, prometo nunca mais comer carne na sexta-feira da paixão, pode ser”? Ela saiu em direção do homem que estava no caixa; notei que enquanto ela falava, o homem me olhava de longe, com cara de demônio. Um mal pressentimento tomou conta do meu ser.
      Ela voltou com uma cara de “colombina apaixonada”, aproximou-se  e disse-me que infelizmente o patrão não autorizou.
      
Levantei-me do banco em que eu estava sentado, com uma cara de “satã” querendo matar qualquer um, e falei: “Olha aqui moça, onde estamos nós, aqui não é Brasil, ou estou noutro país de merda... O que vocês estão fazendo é caso de polícia, isso não passa de uma discriminação religiosa; vocês não podem me obrigar a comer peixe, para satisfazer suas paixões religiosas; isso é chantagem; saibam que eu posso processar o proprietário por discriminação, mas não vou perder tempo”. “Todos daqui são uns fanáticos; não sou contra nenhuma religião, sou contra é de toda essa ignorância e fanatismo religioso”.

Saí dali a toda pressa e fui a outra lanchonete. Ao adentrar, o estabelecimento, um homem mal encarado veio ao meu encontro e perguntou-me o que eu queria. Fui logo dizendo que eu estava com fome e que não comia peixe, se podia me fazer um sanduíche de qualquer coisa menos peixe. Já não exigi mais nada só queria comer, menos peixe. A resposta dele foi bem amável: “Infelizmente só temos peixe e nada para sanduíche”. Eu respondi a ele: “Já entendi”.
          “Que diabo, como é que eu fui cair numa cidade errada, num dia errado”? “Ainda mais sendo acostumado em São Paulo, onde você come o que quiser no momento em que quiser e no dia em que quiser”...
          Acontece que na semana santa da Igreja eu sempre ficava em São Paulo, nunca viajava, porque é uma semana em que o comércio não funciona muito bem; muitos comerciantes aproveitam para viajar. Então eu sempre tirava esses dias para descansar em São Paulo, pois Lá, ninguem interessa saber que dia é hoje, se é sexta-feira da paixão, se é Natal, ou ano novo. Cada um cuida de sua própria vida, ninguém tem tempo para pensar nessas frescuras.
 Mas a verdade de tudo é que eu não sabia onde estava com a cabeça, quando na última hora resolvi fazer aquela viagem estúpida para aproveitar o final de semana com a namorada em Cuiabá.  Meus planos eram trabalhar em Três Lagoas para ficar livre daquela cidade, e em Campo grande pegaria um avião para Cuiabá. “Me dei mal”. Por que não peguei o avião direto para Cuiabá? Nunca mais! Quem está vivo sempre aprende.
          Saí capengando, enquanto remoia os miolos à procura de uma nova idéia.. O dia estava quente, tremendamente quente. Minha cabeça latejava e rodava. E lá fui eu me arrastando – para onde? Refletir tornou-se para mim um esforço superior às minhas forças. Sabia que estava às voltas com um problema, mas já nem lembrava qual era. Só sabia que era qualquer coisa relacionada à peixe.
         
          Cheguei numa praça onde havia vários bancos para sentar e fontes de água para beber. Bebi até me sentir estufado, depois me esparramei num banco protegido pela sombra de uma árvore. Ouvi duas crianças que brincavam por ali falando: “Olha que homem engraçado”. Eu concordei; naquele momento eu era um homem engraçado mesmo, faminto, com dinheiro no bolso e sem poder comer algo a não ser peixe. Depois de refrescar a cabeça, as coisas começaram a clarear. Levantei-me capengando e tonto de fome. Pensei em voltar no hotel e comer apenas arroz com feijão. Isso mesmo! Arroz com feijão. Voltei ao Hotel, já um tanto humilhado e perguntei ao dono se ele podia me preparar qualquer coisa sem ser peixe, por exemplo: “arroz com feijão e ovo já quebrava o galho, mas se não tivesse ovo, não haveria nenhum problema”. O homem me respondeu que sentia muito, mas não tinha mais nada. O horário de almoço já havia terminado.
          Não! Isso já está se tornando uma perseguição contra minha pessoa, me parecia que toda essa gente havia combinado para me forçar comer peixe. Tudo isso porque eu queria comer carne e não peixe. Não me conformei e acabei brigando com o dono do hotel.
          Voltei à praça e sentei num banco bem em frente a uma sorveteria, onde várias garotinhas saiam lambendo um sorvete, Aquilo me aflorou a ideia de  chupar um sorvete. Fui à sorveteria e comprei o maior sorvete que havia por lá e sai comendo-o não chupando. Eu tive a impressão que comia um pedaço de carne...
Nessa altura já passava das duas horas da tarde. Voltei ao Hotel e peguei minhas malas e sai em direção à estação do trem. Lembrei que às sete horas da noite passava um trem com destino à Campo Grande, o que me trouxe um pouco de alívio. É isso mesmo, nem lembrava mais que eu não precisava ficar naquela cidade e podia zarpar rumo à Campo Grande.
Havia um trem às sete horas da noite que chegava em Campo Grande às sete horas da manhã; Eu podia pegar um avião para Cuiabá. Porque não pensei nisso antes? No carro restaurante do trem sempre tem algo para se comer, é só conversar com o cozinheiro e ele me arranja um bom bife com arroz e ovo.
          Fui até à estação e guardei minhas malas para ficar com as mãos livres, ainda era cedo e fui dar umas voltas para clarear a mente; mas a terrível fome me fustigava a barriga que não parava de roncar. Tomei o rumo da praça para fazer hora e sentei lá por algum tempo, pensando nos acontecimentos. Tomei mais água, porque água também é alimento e costuma tapear a fome.
          ´Às cinco horas da tarde voltei para a estação para esperar o trem, não queria de jeito algum ver mais a cara daquela cidade. Jurei nunca mais voltar ali.
          Cheguei na Estação peguei a minha caderneta kilométrica preenchi o trecho de Três Lagoas à Campo Grande. Esperei abrir a bilheteria para o bilheteiro carimbar o trecho que iria percorrer. Uff!! Até que enfim. Entreguei a caderneta para o homem da bilheteria que a carimbou e falou comigo que o trem estava atrasado quase duas horas. Não! Tudo está contra mim hoje, não é possível. Mas não tive outro jeito a não ser esperar... esperar...
Sentei-me em um dos bancos da estação, e por ali fiquei a espera do trem. Geralmente, nas estações de cidades pequenas, as moças da cidade vão sempre passear lá pela plataforma, antes do trem chegar, para ver quem parte e quem chega, e até arranjar um namorado. Éra um costume antigo.
          Passaram por mim três garotas típicas matogrossenses, e uma delas  entusiasmou-se comigo, ou achou-me também engraçado porque a minha cara era de poucos amigos. A minha raiva maior era pela ignorância de um povo que não se evoluía e continuava naquele atraso de não comer carne, enquanto os próprios padres católicos comiam bons filés nesse dia.. Isso é o fim do mundo. Mas eu não queria nada com nada, queria mesmo era pegar o trem, ficar livre daquela cidade.

Até que o sino da estação deu duas badaladas que significava partida, ou  chegada de trem. Sinal que ele já havia partido da estação anterior.  Dei um suspiro de alívio e aguardei o trem.
          Lá pelas nove horas da noite chegou o trem; o horário de chegada dele  em Campo Grande, agora seria lá pelas nove e meia, devido ao atraso de duas. Não tem problema, pensei comigo, vou fazer um lanche bem reforçado no trem, caso eles já não estejam mais servindo jantar darei um jeitinho com o cozinheiro do trem.

Quando eu chegar à Campo Grande vou direto ao Hotel Gaspar aonde eu me hospedava sempre. Lá, enquanto espero pelo almoço, ligo para as empresas aéreas para saber o horário para Cuiabá e reservar um lugar. O avião gasta duas horas e meia para ir de Campo Grande à Cuiabá fazendo escala em Corumbá e Cáceres.  De forma que, até às cinco horas no máximo já estarei lá. Como eu já era cliente assíduo das empresas aéreas, eu tinha na cabeça quase todos horários de avião de Campo Grande para Corumbá e Cuiabá.

Com todas essas meditações me acalmei um pouco.
          Entrei num vagão que estava mais vazio, ajeitei as malas no bagageiro em cima do banco que estava vago. Saí quase correndo a caminho do carro restaurante. Falaria diretamente com o cozinheiro. Cheguei na cozinha, bati numa portinhola e chamei o cozinheiro.”Faz favor meu chapa”. Ele veio até à portinhola da cozinha e contei a ele a minha situação. Ele deu um sorriso e respondeu que naquele dia só serviram almoço e já havia acabado. “Sinto muito, disse ele, a cozinha está limpa, vamos fazer novo abastecimento só em Campo Grande”. Eu respondi a ele quase implorando: “o que você tiver ai excluindo peixe eu como, não me importa mais nada”. Ele então me apontou um rapaz que vendia nos corredores dos carros, sanduíches, pão com manteiga, café, doces e frutas. “Fale com ele”.

Saí depressa e fui procurar o “dito cujo”, e o encontrei num dos corredores sentado em um banco com um cesto na mão. Perguntei a ele o que tinha para vender ele  me respondeu que para comer já não tinha mais nada, tinha só café e estava frio. Disse-me ainda que fora um dia muito feliz, vendeu tudo o que levou para vender. Sem acreditar, perguntei novamente: “nada mesmo  “Olha, o moço daquele banco ali, falou mostrando-me com o dedo, devolveu uma maçã para mim porque ela está podre de um lado, veja: quer levá-la? Paga só a metade do preço”. “Deixe-me ver”. É minha! 

Sai dali e fui sentar no meu lugar. Ao chegar, avistei um banco com apenas uma garota sentada nele, pedi licença a ela e perguntei: "há alguém  dono deste lugar"? Não! A garota sorriu, mostrando lindos dentes. Estou viajando sozinha, vou para Campo Grande. “Que coincidência, também vou pra lá”... Com licença e me acomodei ao seu lado.
Para não fugir da regra de um primeiro encontro, perguntei seu nome.
Nem sei como tudo aconteceu, mas a minha fome sumiu misteriosamente depois que sentei ao lado daquela beldade; nem acreditava que eu passaria a noite com ela sentindo o seu calor.

Depois de algum tempo já estávamos de mãos dadas conversando felizes e contentes. Por um milagre, notei que já não mais sentia fome, nem sono.
 Já de madrugada ela cochilou com a cabeça em meus ombros. Meu coração passou a bater aceleradamente. Nessas alturas eu já não sabia o que era fome e muito menos sono. Não ia jamais desperdiçar o meu precioso tempo para dar um cochilo.

Passei o final de semana em Campo grande, e por lá fiquei por mais uma semana, só amando.

Toda a raiva que senti durante o dia, transformou-se em amor. Só queria amar e nada mais.

“BENDITA SEXTA-FEIRA SANTA”...

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Um comentário:

  1. Não se trata de ficção. É uma crônica baseada em fatos reais, (O autor)

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