Os poderosos
Luiz Padua (Do livro –“OS PODEROSOS”
Há pouco tempo tive a oportunidade de publicar um livro, no qual abordo o poderio de certas pessoas que se julgam um Deus, devido às práticas de arbitrariedades desses indivíduos, no tratamento das pessoas, as quais obrigatoriamente devem serem atendidas em seus guichês ou escrivaninhas. Eles são versáteis e conhece a existência da impunidade de seus atos covardes e indecentes, sem a observância dos bons costumes.
Cada vez mais me convenço que, ninguém está livre desses “deuses” inescrupulosos, que vê na figura do mais fraco, uma facécia para satisfazer suas vaidades pessoais servindo-se da sua condição de mando ou de chefe.
Com raras exceções diríamos que todos aqueles que estão por trás de um guichê de uma repartição pública, ou mesmo uma mesa de trabalho de alguma empresa, sentem-se, ou se julgam na qualidade de um “deus” investido de todos os poderes, e se servem dessa condição para o menosprezo, arrogância e falta de sensatez a quem o procura. Lógico! Eles se consideram um “deus” todo poderoso; são eles quem dão as cartas, ou quem decide o que fazer. Aí não temos outro jeito a não ser dizer: “sim senhor”. Então, eles se sentem o dono do mundo, dão ordens e fazem questão que sejam cumpridas, esquecendo-se que eles, às vezes, são simples funcionários do governo, ou de uma empresa privada.
Não faz muito tempo houve entre eu e uma funcionária dos Correios, uma discussão desnecessária e estúpida iniciada pela funcionária, a respeito do certo, ou errado dos meus direitos sobre uma encomenda. O tratamento dessa funcionária à minha pessoa não foi nada parecido com a recíproca obrigatória à educação com que sempre me dirijo às pessoas, sem contar a obrigatoriedade de um tratamento de dotes físicos e morais aos clientes, independentemente do tratamento recebido. “Tratem-me com educação que a recíproca será verdadeira”. “Tratem-me mal, ou com patadas, e eu retribuirei com outras muito mais duras”. Foi quando fui obrigado a discutir com a “dita cuja”:
“Por que não pede as contas se você atende o público com cara carrancuda como se estivesse fazendo um favor e ainda com toda a má vontade do mundo”? “Com esse tratamento é certo que você não deve estar satisfeita com o seu trabalho; então, eu sugiro que deve pedir para sair; no entanto submeteu-se a um concurso para atendimento ao público torcendo para ser aprovada, não é verdade”? Não obstante, da forma como é feito o seu atendimento, acho melhor pedir as contas do que usar da falta de educação na presteza no atendimento aos clientes”. “Onde é a chefia? Pretendo fazer uma séria reclamação contra sua pessoa”. Dei uma olhada ao redor e vi que algumas outras “deusas” suas colegas, se aproximaram carrancudas olhando-me, parecendo até que iriam me devorar. Elas responderam que não havia nenhum, ou nenhuma chefe. Nisso apareceu à minha frente, um “guarda roupa dos grandes”, de cor negra olhando para mim. Evidentemente que a partir desse momento senti a inutilidade de minhas reclamações, sem haver a quem reclamar. Tive que sair dali sem que os meus problemas fossem solucionados e os meus direitos atendidos.
Mas antes, falei com as “deusas” que, presteza no atendimento é uma obrigação que deve ser observada por quem prestou o concurso para a área adequada, a qual de antemão, já sabia qual seria o seu serviço. Neste caso, ela precisa ganhar o seu salário, mais que o ganhe com dignidade, presteza e polidez no atendimento ao público,
São figuras como essas que foram denominadas “deuses”, no livro que leva o nome “Sob o Domínio dos Deuses” pelo autor, face às suas arrogâncias, comportamentos e, como se agigantam frente a quem está em condição de inferioridade do momento em curso, mas na verdade são todos iguais perante a lei.
Nessa condição, chegam a brincar de gato e rato vilipendiando psicologicamente a quem os procuram, sem nenhuma consideração à condição do requerente que está à sua frente.
O mundo físico desses “deuses” é o mesmo daqueles que são subjugados por eles e que, às vezes até a troco de nada, apenas pelo simples prazer de vilipendiar a quem não está em condição de operar em sua própria defesa.
Tudo isso, nos dá a oportunidade de refletir sobre a vivência do dia a dia e que às vezes, relutantemente, somos conduzidos ao reconhecimento da realidade enfrentada num mundo selvagem, onde o forte subjuga o fraco.