A Língua
Luiz Pádua
A língua é a enteada predileta do pensar. Entretanto, ela anda sempre manquejando atrás dos pensamentos, sobre o pano de fundo do ocasional nível cultural de quem a usa. A língua jamais é isenta de valor e sempre se adapta ao espírito da época.
Mesmo a partir da data em que a língua começa a ser transmitida por escrito é bastante relativo à sua clareza, conquanto que, intencionalmente ou não, ela expressa através do pensamento, o vocabulário arquivado na mente. O pensamento vem antes da palavra e, se ele não existir não existirá a palavra.
Por quantas vezes as palavras originalmente empregadas teriam mudado de sentido? Até hoje, embora muitas palavras não estejam presentes no pensamento e, conseqüentemente na língua, muitas são as que ainda permanecem incólumes nos dicionários da Língua Portuguesa sem que sejam usadas no palavreado do dia a dia. Muitas outras palavras perdem ou mudam de sentido entre a harmonia, pensamento e fala, por já fazerem parte de um passado remoto.
Ao folhear um livro escrito com mais de duzentos anos, indubitavelmente, pode-se constatar que o palavreado daquela época difere bastante da linguagem dos nossos dias, visto que a mente daquela época tinha outra versão da palavra.
Ao percorrer por várias regiões onde a comunicação é feita por um mesmo idioma pode-se notar que o pensamento e a língua são diversos de um lugar para outro, traduzido pela expressão de linguagem que acaba por se transformar em dialeto.
Neste contexto, é sabido que até em uma mesma região, porém dividida pelo campo e a cidade, o pensamento com sua aliada a língua, a palavra é expressa distintamente entre os seus moradores.
Assim, a língua traduz o que o pensamento quer. Sem haver o pensamento não pode existir a palavra, haja vista que a língua é dependente da mente. É a língua em harmonia com o pensamento.
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